quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Não é a Hora!!


Avise a todos os seus parentes, amigos e ou conhecidos que estejam no leito de morte que ainda não é hora de morrer, pois os coveiros na rede municipal estão de greve. Esse alerta seria comigo se não fosse trágico.
Imagine uma família que perdeu um ente querido, mas não têm a possibilidade de enterrá-lo dignamente. As fases de um ritual fúnebre são muitas, é necessário dinheiro, paciência e disposição para tal.
Até a greve passar o que fazer com o corpo? Não sendo um astro pop da música internacional que teve o corpo mumificado e conservado por muito tempo, nada! O jeito é esperar e rezar para que tudo passe rapidamente e que a dor termine.
Esse movimento também serve para lembrar que estamos em sociedade e que as profissões são complementares e necessárias. Não podemos menosprezar quem trabalha nos cemitérios, IMLs, nos necrotérios dos hospitais, pois essas pessoas acompanham, de algum modo, o sofrimento no momento de despedida definitiva. As pessoas que trabalham com os ritos fúnebres precisam ser valorizadas e bem remuneradas, pois não é simples conseguir transparecer frieza no lidar com a morte coletiva. Imaginem se todo coveiro chorasse e se sensibilizasse ao enterrar alguém. Como seria? Como diz o ditado “só se dá valor ao que se têm quando se perde”.
Uma cena forte e expressiva expostas nos jornais locais foi a fotos de um filho segurando uma coroa de flores, carregando o caixão, cavando sepultura e enterrando a falecida mãe, assistido pelos coveiros em greve que permaneceram de braços cruzados, em pleno dia, com o sol quente na cabeça. Quantos elementos estavam presentes naquela fotografia. Quanta dor, descaso, solidão, falta de consolo transpareciam na imagem capturada. Como é humilhante e doloroso realizar, praticamente sozinho, o funeral da própria mãe.

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