terça-feira, 1 de setembro de 2009

AGosto da Fotogrfia

Visitei uma exposição fotográfica no Museu Rodin, rua da Graça em Salvador, no qual encontrei um registro histórico de Salvador, e outros espaços baianos e brasileiros, eternizados em imagens fortes, subjetivas, detalhistas, sagradas, catalogando um fragmento ínfimo da nossa cultura - povo, religião, traços físicos e comportamentais.

Segue abaixo o texto produzido após a visita.


Exposição: À Procura de um Olhar
Voltaire Fraga
Uma exposição, que explica o nome dado ao evento, pois o artista (fotografo) demonstra nas suas fotografias estar a busca de um olhar, um corte, um registro da cidade ao seu redor. Fraga traz marcos de um período histórico estrutural da cidade do Salvador entre a década de 40 e 50. Contempla-se monumentos, edifícios, casas, pontos de passagem, como uma estação de bondes, portos, ladeiras, a população. Imagem tiradas, na maior parte, do alto, dos pontos “turísticos” da cidade baiana. A paisagem é mais valorizada do que as pessoas presentes nas fotos panorâmicas. Algo extremamente nítido são as fachadas, numerosas e contratantes dentro de um mesmo espaço físico. “Abundante cidade – dessemelhante Bahia” mostra a praça Castro Alves, a Ladeira da Montanha, Mercado Modelo, Praça da Sé, Elevador Lacerda, Dique do Tororó entre outros. No acervo também se encontra um destaque para festas populares, com suas crenças, vestes, elementos cênicos, sagrados, sincretismo e fé. Figuras em momentos de descontração, que não estão fazendo posse para serem fotografados. As fotos são em preto e branco e carregam um fragmento histórico de Salvador. Os registros são, na maioria panorâmicos, muitas fotos foram tiradas do alto (posição de observador do mundo, do movimento da cidade). As fotografias registram um marco temporal que se eternizou em imagens. Algumas delas se tornaram cartões postais da “terra”. Imagens com qualidade, riqueza de detalhes, com foco e nitidez invejáveis. Haviam, na exposição, fotos de “figuras e famílias típicas” da cidade, como a baiana de acarajé vendendo seus quitutes numa feição marcante e cenas do cotidiano como uma família reunida ao redor da mesa. No acervo somente duas fotografias foram tiradas durante a noite, registrando as luzes das praças iluminadas. Um trecho de texto me chamou atenção, pois além de imagens a exposição contemplava textos. “Porque há cicatrizes e uma memória devastada e sem rosto? [...] Quem de nós mente mais. A cidade ou quem a vê [...] Se há cicatrizes, elas cortam. Mas quem de nós nunca viu a pele do tempo sangrar?” (Moura, Diogenes). Ver o tempo passar admirando a paisagem é um belo resumo da obra exposta de Voltaire Fraga – admirador do comum, do corriqueiro, o que muitas vezes passa como imperceptível, rotineiro. No mundo de hoje as pessoas prestam menos atenção ao caminho por onde passam e, por isso, não se dão conta das transformações estruturais dos mesmos.

“Estou só na terra, ninguém se digna a pensar em mim. Todos os que vejo enriquecer têm o descaramento e uma dureza de coração que eu não sinto de maneira alguma. Eles odeiam-me por minha bondade fácil. Ah! Em breve morrerei, seja de fome, seja de infelicidade de ver os homens assim, tão duros” (FRAGA, Voltaire)



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